O atual presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, será o novo presidente do Conselho Consultivo das Américas do Banco de Compensações Internacionais (BIS), a partir de janeiro de 2023. Já o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn será o novo presidente do Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID), a partir de 19 de dezembro.
A escolha de Campos Neto foi feita pelo conselho de diretores do BIS. O Conselho Consultivo das Américas foi criado em 2008 e é formado pelos presidentes dos bancos centrais de países da região. Ele vai suceder a John Williams, presidente do FED de Nova York, em mandato que tem duração de dois anos. O BIS é uma organização internacional responsável pela supervisão bancária. Sediado em Basileia, na Suíça, reúne 55 bancos centrais de todo o mundo, e visa promover a cooperação entre as entidades na busca de estabilidade monetária e financeira.
Já Ilan foi uma indicação de Paulo Guedes, e posteriormente eleito em primeiro turno na Assembleia de Governadores, que reúne representantes dos países que compõem o banco. Após a eleição de Lula, houve pressão para que se adiasse a eleição, pois o PT queria sugerir outro nome. Guido Mantega chegou a enviar um e-mail à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, solicitando esse adiamento de 45 a 60 dias. O pedido foi solenemente ignorado, e com a renúncia de Mantega à equipe de transição, o nome de Ilan voltou a se fortalecer.
Ilan será o primeiro brasileiro a ocupar o cargo, e para isso deixa o cargo de diretor no FMI. O BID tem sede em Washington, e seu propósito é financiar projetos viáveis de desenvolvimento econômico, social e institucional e promover a integração comercial regional na área da América Latina e Caribe.
O fato dos dois últimos presidentes do Banco Central do Brasil serem eleitos para cargos dessa magnitude indica o prestígio do Brasil nessas instituições, mas também a escolha acertada de nomes com currículo à altura e respeitados no mercado financeiro para presidir o nosso BC. Desde aprovação da lei que garante autonomia ao Banco Central, o mandato do presidente é garantido por anos. Assim, Campos Neto ficará à frente da instituição até 2024 pelo menos.
Lula teve em seus dois primeiros mandatos Henrique Meirelles como presidente do banco, cargo que exerceu com maestria, contribuindo com a estabilização da inflação e possibilitando crescimento econômico do País. A partir de 2011, já no governo Dilma, o indicado ao BC foi Alexandre Tombini, que numa política de juros desastrada aliada à péssima gestão fiscal do Ministro da Fazenda Guido Mantega, culminou na maior crise econômica da história do Brasil. Fica a torcida para que Lula a partir de 1º de janeiro siga mais a linha econômica de seu primeiro mandato do que a linha adotada pelos petistas a partir de Dilma.