O sistema de come-cotas é parte da tributação dos fundos de investimento. Ele é cobrado semestralmente, sempre no último dia útil dos meses de maio e novembro, com uma alíquota de 15% ou 20%. Ele serve como uma antecipação do imposto de renda, que será completamente cobrado no momento do resgate do fundo. É importante entender seu funcionamento e como ele impacta a rentabilidade final.
Todas as classes de investimentos possuem alguma forma de tributação, seja renda fixa, fundos diversos, previdência, bolsa de valores ou outros. A exceção são ativos isentos, como CRIs e CRAs por exemplo. Como o valor e a forma de incidência desse imposto impacta o retorno final de cada investimento, é fundamental entender caso a caso. Os fundos de investimentos podem ter dois tipos de tributação, longo e curto prazo. O mais comum são os fundos de longo prazo, que seguem a tabela de IR da renda fixa, que começa com 22,5% em até seis meses de aplicação e cai para até 15% após dois anos.
O come-cotas tem esse nome porque o investidor paga cedendo parte de suas cotas, e não um valor que é deduzido igualmente de todas as cotas. Ou seja, diferente dos custos do fundo, que são deduzidos da rentabilidade e, portanto, entram no valor da cota, o come-cotas diminui o número de cotas que o investidor possui no montante do imposto devido. Isso ocorre porque o valor a ser pago é individual para cada investidor, dependendo de quando ele começou a investir e do lucro que obteve.
Assim, sempre no último dia útil de maio e novembro, é cobrado o imposto de 15% sobre o lucro (20% nos fundos de curto prazo). Se o investidor resgatar antes de dois anos, e, portanto, a alíquota devida for maior, a diferença será cobrada automaticamente na hora do resgate.
Conclui-se então que não vale a pena investir em fundos? Não. É importante considerar o custo da tributação no rendimento dos fundos, mas sempre compará-los aos outros ativos disponíveis para decidir o que é mais vantajoso. Vários fundos multimercados, por exemplo, renderam nos últimos anos mais que o dobro do CDI, sendo um dos melhores investimentos no período, mesmo considerando o custo de IR.
Como fugir do come-cotas? Existem alternativas. Além do óbvio de escolher outros tipos de ativo que não fundos de investimentos (como ações e títulos de renda fixa por exemplo), o investidor pode optar por investir em fundos de ação (FIAs), que não possuem come-cotas e por isso o imposto é cobrado apenas no resgate. Outra alternativa é investir via planos de previdência privada, que possuem um sistema próprio de tributação, que também só ocorre nos resgates do plano, mas permite a mudança dos fundos investidos sem custo ou tributação.