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COMEÇA O FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

O Fórum Econômico Mundial começou hoje (16), e acontece em Davos, na Suíça. O tema da reunião deste ano é “Cooperação em um mundo fragmentado”. As discussões globais serão pautadas pela Guerra da Ucrânia e pela guerra fria entre EUA e China, que aceleram a transição já em curso para um mundo menos globalizado e uma economia menos cooperativa e eficiente, em troca de poder geopolítico. Enquanto isso, o governo brasileiro manda seus representantes, ministros da Fazenda e Meio Ambiente, para assegurar que o Brasil vive uma normalidade democrática, que o novo governo buscará o equilíbrio fiscal, e que a sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente voltaram a ser pautas caras ao governo federal.

Um dos assuntos a serem discutidos é energia. Grande fornecedor mundial de fontes de energia, a Rússia vem utilizando seu poder nessa área para chantagear os países aliadas da Ucrânia desde o início da guerra, cortando o fornecimento de gás na Europa. Esses aliados, por sua vez, também cortaram em grande medida suas compras de petróleo da Rússia, como parte das sanções em virtude da invasão injustificada.

Outro ponto relevante de debates esse ano é chamada “Batalha dos Chips”. Hoje, semicondutores são componentes fundamentais de diversos produtos, de carros a celulares. China e EUA vem disputando terreno nessa área, o que afeta também o possível conflito entre China e Taiwan, sabidamente uma das grandes fabricantes de semicondutores no mundo. A China vem demonstrando que pode em um futuro próximo tentar invadir o país.

Com esses diversos conflitos, quentes ou frios, acontecendo, a dinâmica mundial de livre comércio tem tendido cada vez mais para um formato de comércio entre aliados, tendo em vista mais o componente estratégico do que econômico. Assim, entram em jogo cada vez mais subsídios, impostos de importação e exportação, e outros mecanismos que governos usam para interferir no comércio internacional. Esse tema também se mistura com o reinado do dólar, que apesar de continuar forte, existe um movimento forte por parte de antagonistas dos EUA para eleger uma nova moeda que possa fazer frente como reserva internacional.

Falando um pouco dos assuntos e interesses a serem tratados pelo Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que terá mais de uma dúzia de reuniões em dois dias. Ele participará também de dois debates, um na terça (17) e outro na quarta (18). Ele deve tentar passar uma visão positiva sobre a economia brasileira, introduzindo o aspecto fiscal a partir de um novo arcabouço. Também deve começar a reverter o isolacionismo que foi uma das marcas registradas da política externa do governo passado. Acompanham Haddad, Mathias Alencastro, assessor especial do ministro, e Tatiana Rosito, secretária de assuntos internacionais.

Marina Silva alinhou com Lula de levar duas mensagens a Davos, junto com Haddad: a economia e sustentabilidade vão andar juntos; e a democracia brasileira está sólida. Marina vai participar do primeiro debate público nesta edição, ainda no dia de hoje (16). Ela volta na quinta (19) para mais um painel. Ela deve mostrar que o novo governo tem posições bem distintas do anterior em relação ao meio ambiente, e buscar se reaproximar de questões ambientais importantes.

Por fim, separado da comitiva do governo federal, Tarcísio Gomes de Freitas, governador do estado de São Paulo, também irá participar do evento. Ele afirmou que pretende atrair investimentos para o estado com incentivos no ICMS e apresentar projetos de investimentos em diferentes regiões do estado.

O evento em Davos começa hoje e vai até sexta-feira (20), e é interessante acompanhar as reuniões, pois elas darão o tom para os desdobramentos da economia mundial para este ano. Da mesma forma, o posicionamento dos enviados do Brasil irá mostrar qual será a cara dos novos governos (federal e paulista), pelo menos nesse início de mandato.

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