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MOEDA ÚNICA ENTRE BRASIL E ARGENTINA

Nos últimos dias, tem-se falado sobre a possível criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina. A proposta esdrúxula já apareceu outras vezes, mas nunca avançou. Agora, com a visita do presidente Lula ao país vizinho, mais uma vez se fala no assunto. A Argentina acumula inflação de quase 100% em 2022, um descontrole total da sua moeda e sua economia como um todo, buraco esse que o Brasil não deveria ousar entrar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em viagem oficial à Argentina, iniciando o 1º giro internacional de seu terceiro mandato. Ele desembarcou ontem em Buenos Aires para uma série de encontros e a primeira reunião desta segunda-feira (23) foi com o presidente argentino Alberto Fernandez. De acordo com o jornal argentino Perfil deste domingo (22) e do jornal Financial Times, Brasil e Argentina devem analisar a criação de uma moeda comum do Mercosul ou, pelo menos, essa seria uma das pautas.

A ideia é impulsionar o comércio e reduzir a dependência do dólar, mas sem que os países deixem de usar paralelamente suas moedas locais, o real e o peso. Ou seja, seria uma moeda usada apenas para transações internacionais. A Argentina acumula inflação de quase 100% em 2022, está em mais uma grave crise econômica (se é que deixou de estar em algum momento) e parece só piorar.

Nos primeiros dias de janeiro, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, já havia afirmado que os países trabalhariam juntos pela moeda comum do Mercosul, após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Entretanto, Haddad negou a proposta dois dias depois.

Por enquanto, há pouca informação sobre o assunto e não ficou claro se de fato há uma proposta de criação de uma nova moeda. Os ruídos têm vindo mais de representantes argentinos, como o ministro da Economia, Sergio Massa, ou o próprio embaixador, já citado. Por parte do governo brasileiro, não houve grande endosso até o momento. O que parece é que o governo Lula, aliado ideológico do governo de esquerda de Alberto Fernandez, não quer se indispor com os amigos, mas provavelmente entende que a ideia pode ser muito mais vantajosa para a Argentina do que para o Brasil.

Nós temos uma moeda estável e políticas monetária e fiscal que, longe de perfeitas, funcionam há quase 30 anos muito melhor que as de nosso vizinho. As eleições argentinas estão se aproximando e é importante para Fernandez fazer barulho e vender projetos para impulsionar sua campanha à reeleição. Por isso, não se pode descartar a hipótese do projeto ser apenas um jogo de marketing.

No entanto, se for pra valer, será necessário mais informações para avaliar a viabilidade e possíveis impactos. Uma coisa é certa: criar uma moeda comum com um país que tem uma das moedas mais instáveis do mundo atualmente não parece uma ótima ideia.

Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores ou clicando aqui.

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