No âmbito nacional, a semana passada foi marcada pelo noticiário político e crise da Americanas, em meio a agenda de indicadores vazia. Podemos destacar que o presidente Lula fez duras críticas a independência do banco central brasileiro, e a meta de inflação. Tais falas repercutiram negativamente no mercado local, aumentando o desconforto das próximas tomadas de decisão do atual governo.
Já no âmbito internacional, além de dados de inflação americana e início da temporada de resultados corporativos nos estados unidos, o grande destaque ficou para a realização do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ao longo da semana passada os presidentes dos bancos centrais, CEOs e membros formadores de política econômica se reuniram para debater em especial a situação econômica global, investimentos e pautas ambientais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participaram de debates sobre a economia regional da América Latina e questões climáticas envolvendo a preservação da Amazônia.
Em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, ficou nítido que há uma divergência de opinião entre os investidores globais e as falas dos dirigentes do Federal Reserve. Por um lado, investidores acreditam que a inflação está começando a arrefecer e que o FED poderia diminuir ou até encerrar o ciclo de alta de juros, o que aliviaria os lucros corporativos. Por outro lado, o FED ressalta que a inflação continua resiliente, e a economia americana ainda está aquecida, com emprego controlado pressionando os preços, e que portanto, teria espaço para mais altas de juros mesmo que em um ritmo menor, ocasionando uma pressão ainda maior nas empresas que já comunicaram demissões em massa para ajustar os gastos e preservar os lucros corporativos afetados pela atividade econômica internacional, dentre elas: Alphabet, Meta, Apple, Tesla, Microsoft, Ford e agora grandes bancos americanos anunciaram o corte do quadro de funcionários.
Diante de uma semana carregada de indicadores econômicos internacionais como dados de inflação americana e dados de PIB da China, o saldo de dólar no país foi negativo mesmo com a forte entrada de capital estrangeiro na bolsa, corroborando para o descolamento do Ibovespa frente as bolsas internacionais.
Segundo a B3, entre os dias 16 e 20/01, houve entrada de 3,50 bilhões de reais ante a entrada de 3,48 bilhões na semana anterior. Sendo que os investidores estrangeiros aportaram 4,83 bilhões até quinta-feira sendo este o recorde do ano até o momento, e retiraram 1,3 bilhões somente na sexta feira. Essa relevante entrada de capital, por sua vez, não foi suficiente para o derrubar o dólar – que valorizou 2,2% frente ao real, cotado a U$S 5,21 na última sexta-feira (20/01). Diante da expressiva entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira, o índice Bovespa fechou a semana em alta de 1,01%, aos 112.040 pontos.
No acumulado do ano, houve entrada de fluxo estrangeiro de 6,48 bilhões de reais frente ao acumulado de 13,77 bilhões de reais para a bolsa local em dezembro.
Para esta semana, é esperado a continuidade da temporada de balanços corporativos nos EUA e início da temporada de resultados de companhias brasileiras, além do início da agenda internacional do governo.