Praticamente todo investidor busca uma rentabilidade acima do mercado. Porém, ao longo dos anos, é mais difícil do que parece obter uma rentabilidade que bata o CDI em renda fixa, ou uma bata o Ibovespa em renda variável, quando observamos o desempenho desses indicadores no longo prazo. Com a carteira certa é possível, com ações de empresas mais estruturadas que seus pares, fundos das melhores gestoras com ótimos históricos, e títulos de renda fixa com taxas gordas. Mas e quando o investidor busca um ganho muito acima do mercado tradicional? Existe alguma forma de obter esses ganhos de maneira segura e consistente? Talvez sim, e uma das alternativas são fundos de private equity.
Investimentos em private equity nada mais são que investimentos em empresas privadas não listadas (empresas que não estão na bolsa). Essas empresas estão em geral em um estágio anterior de maturação, portanto são bem menores e menos organizadas que as empresas da bolsa, e justamente por isso tem um potencial de valorização muito maior. Para investir nesses negócios, por não ter a facilidade da bolsa de valores, os investidores interessados precisam se organizar, tanto para formar um caixa para comprar as empresas que farão parte da carteira, quanto para contratar uma equipe de gestão profissional que irá tocar o dia a dia do fundo.
O processo de investimentos desse tipo de fundo consiste em fazer uma ampla pesquisa para primeiro definir quais teses (empresas) investir. Depois, é necessário negociar com cada empresa, e se houver acordo entre as partes, o fundo adquire uma participação na companhia. O fundo faz isso até investir quase todo o capital que captou, formando uma carteira de participação em empresas, processo que costuma demorar entre 2 e 5 anos. A cada empresa investida, a gestão do fundo auxilia em áreas que a empresa esteja defasada (como o financeiro, RH, tecnologia, etc). O objetivo é acelerar ao máximo o crescimento e maturidade das empresas, o que faz com que elas se valorizem também de maneira acelerada. Após algum tempo em uma determinada empresa, quando o fundo entende que a empresa já está madura e é hora de desinvestir, ele procura outros investidores para vender a posição. A cada desinvestimento, os investidores recebem o valor equivalente, e após todas as participações serem vendidas, o fundo termina.
Por investir em empresas menos maduras e que não são listadas, e com potencial de valorização maior, também há um risco bem maior envolvido. Muitas das empresas investidas podem não dar certo, e serem vendidas por um valor muito menor que o investido, ou até fechar. É importante ter em mente que essas empresas têm menos receita, caixa e acesso à crédito em relação à grandes empresas, além de não passar pelas mesmas exigências de governança corporativa e transparência que as empresas listadas, o que torna ainda mais importante ter uma equipe de gestão confiável e experiente. Por outro lado, se uma ou duas empresas da carteira derem certo, e crescerem forte, apenas esse crescimento pode ser suficiente para mais que compensar um eventual fracasso das outras posições, e ainda dar um lucro significativo para a carteira como um todo.
O private equity foi até pouco tempo atrás exclusivo para investidores com grande capacidade de investimento. Pela dificuldade de montar um fundo e de comprar as empresas, o investimento mínimo para participar desse tipo de iniciativa costuma ser na casa dos milhões. Porém, nos últimos anos, têm surgido a possibilidade de investir em cotas menores, que as corretoras agregam em cotas maiores para aportar nos fundos, dando acesso aos investidores que antes não tinham como participar dessa classe de ativos, e ainda provendo liquidez ao criar um mercado secundário.
Claro que pelo risco envolvido, e pela falta de liquidez (o fundo dura alguns anos, e nem sempre há possibilidade de resgate antecipado), não é recomendável para a maioria dos perfis que o investidor aporte grande parte da carteira em private equity. Porém, como uma parte da carteira de renda variável, pode ser bem interessante investir nesse ativo, aumentando a rentabilidade e a diversificação. Em um mercado que não tem andado muito, principalmente em relação aos ativos de renda variável, agregar um fundo que busca rentabilidades maiores que 20% ao ano é muito bem-vindo.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.