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O QUE É LTN?

Já falamos aqui sobre NTN-Bs e LFTs, os títulos públicos pós-fixados do Tesouro Nacional. Ficou faltando os títulos prefixados, chamados de LTNs, ou Tesouro Prefixado. Esses títulos costumam ser um pouco menos comuns na carteira do investidor brasileiro, pois temos um histórico de inflação alta e repentina, o que torna o investimento em títulos dessa natureza um tanto quanto arriscado. Porém, apesar do risco um pouco maior, também é com as LTNs que se pode bater o mercado por uma larga vantagem, se o investidor acertar o momento.

A sigla LTN significa Letra do Tesouro Nacional, e como qualquer título prefixado, tem a sua rentabilidade nominal definida no momento da compra do título, e independe das condições macroeconômicas e de mercado futuras. Isso quer dizer que é um título sem risco, já que você tem a previsibilidade perfeita de quanto vai ganhar, certo? Errado! Além da taxa definida na compra só valer se você segurar o título até seu vencimento, mesmo que o faça, não significa que você teve um retorno interessante. Vamos a cada um dos casos.

Primeiro caso, você compra por exemplo uma LTN com vencimento para 2029, a uma taxa de 12,55% ao ano. A rentabilidade de 12,55% será garantida apenas se você aguardar o vencimento, que é daqui 6 anos. Caso decida vender antes, o preço do título, e portanto o seu retorno, estará sujeito às condições do mercado. Dessa forma, se daqui alguns meses, a economia piora e os juros sobem, um título igual ao seu será vendido no mercado a uma taxa mais atrativa, e você precisará vender o seu com desconto para que alguém aceite comprá-lo, caso queira se desfazer dele. Da mesma forma, caso a economia melhore, e os juros caiam, o seu título irá se valorizar, e você poderá ter um lucro antecipado maior que os 12,55% contratados.

Segundo caso, você compra a mesma LTN com vencimento para 2029, à taxa de 12,55% ao ano, e aguarda até o vencimento. Você terá o retorno anual de 12,55%, mas isso é bom ou ruim? Depende. Se nos próximos 6 anos a inflação média for de 2% ao ano, você terá um retorno real (retorno nominal – inflação) de mais de 10% ao ano, o que é maravilhoso, e portanto terá feito um excelente negócio. Já se a inflação média do período for de 15% ao ano, você terá um retorno real negativo, de -2,45% ao ano, portanto terá feito um péssimo negócio, e estará mais pobre no vencimento do que agora.

Com esses dois exemplos, fica claro que apesar da previsibilidade do retorno de um título prefixado, o seu risco em termos de volatilidade de preço ao longo da vida do título, e o risco inflacionário no vencimento são relativamente elevados se comparados aos outros títulos do Tesouro. Por conta disso, em geral os investidores têm uma parcela menor do capital investido nesse ativo.

Como investir então em LTNs? O principal ponto é se atentar para o tamanho da posição, sempre. Por conta do risco de perder para a inflação, o ideal é que a parcela prefixada represente uma parte pequena da carteira. Além disso, quanto mais longo o título, maior a chance de acontecer um evento muito fora do padrão, que pode mexer com as condições macro, de modo que os títulos mais curtos são mais seguros. E, por fim, analisar as taxas oferecidas para entender se vale a pena ou não o risco. Não podemos prever o futuro, mas uma taxa prefixada de 20% ao ano tem uma chance maior de ser um bom investimento daqui 10 anos do que uma taxa prefixada de 5%. Em outras palavras, quanto maior a taxa oferecida, maior o “desaforo” que esse título aceita.

Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.

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