O governo chinês informou neste domingo (5) que a meta de crescimento do PIB para 2023 é de 5%. Esse valor está abaixo da meta de 2022, que foi de 5,5%, mas o número registrado na prática no ano passado foi de apenas 3%, um dos mais baixos dos últimos 40 anos. Também foi assumida a meta de criar 12 milhões de empregos neste ano. A China é um dos países que mais cresceu no mundo nas últimas décadas, trazendo centenas de milhões de pessoas para o mercado de consumo global, e gerando demanda nos mais diversos setores, impulsionando também a atividade ao redor do mundo.
As metas foram anunciadas pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em sessão do Congresso Nacional do Povo, evento legislativo anual na China. Ao falar das metas de crescimento e geração de empregos, enfatizou a necessidade de estabilidade econômica e de expandir o consumo. De acordo com ele, “A inflação global continua alta, o crescimento econômico e comercial global está perdendo força e as tentativas externas de reprimir e conter a China estão aumentando”.
Em 2022, o PIB cresceu apenas 3%, o pior resultado em décadas, em boa parte por conta das fortes restrições contra a Covid, momento em que a China ainda seguia a política do Covid Zero, que se mostrou fracassada e o próprio País abandonou no fim de 2022, após uma onda de protestos contra as restrições. Em paralelo, a China sofre com uma queda forte no mercado imobiliário, que é um dos principais braços do crescimento chinês, e principal destino de investimento da poupança do cidadão chinês. Por fim, a fraca demanda global por exportações chinesas completa essa tempestade perfeita, que culminou num resultado tão pífio para a economia que se tornou referência de crescimento no mundo.
Agora, com o fim do Covid Zero, há uma expectativa de aumento da atividade, e o primeiro-ministro disse que a China deve dar prioridade à recuperação e expansão do consumo. Entre os desafios para este ano, estão a continuidade da Guerra Fria entre EUA e China, incluindo a questão de Taiwan, aumentos de tarifas dos EUA, disputa de tecnologia e segurança, entre outros. O relatório de Li Keqiang ainda defende um aumento dos gastos do consumidor a partir do crescimento da renda familiar, e reforça a importância da indústria estatal.
Economistas e analistas que estudam China vem apontando há anos o risco de uma crise forte na China, com um possível estouro da bolha imobiliária, uma vez que o controle estatal sobre praticamente toda a economia gera distorções nos mercados, que uma hora precisam ser corrigidas. No entanto, o que tem se observado foi uma queda gradual das taxas de crescimento do PIB desde 2007, quando a economia chinesa cresceu mais de 14%. Ou seja, uma desaceleração que já dura 15 anos, muito diferente de um colapso repentino.
De qualquer forma, para que o modelo chinês continue produzindo crescimento econômico dentro do aceitável, e que permita sustentar a ditadura chinesa, com todas as suas contradições e pontos de conflito, internos e externos, o governo chinês precisará agir de maneira cuidadosa e assertiva, pois decisões muito equivocadas podem levar ao colapso da máquina de crescimento chinesa, que impactaria não só a estrutura interna do país, mas toda a cadeia de produção e consumo global.
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