Passadas as eleições presidenciais no último dia 30 de outubro deste ano, pode-se notar que o que dita o noticiário, variações dos juros futuros, dólar e bolsa de valores é a pauta política. Com a vitória de Lula, as atenções estão voltadas aos trâmites políticos, em especial à nomeação dos futuros ministros e a votação da PEC de transição, a qual ditará a qualidade da situação fiscal brasileira nos próximos anos, sendo este o maior receio dos investidores estrangeiros.
Diante da volta de Lula à presidência, o primeiro susto veio durante o discurso do presidente eleito no gabinete de transição do governo que, ao comentar sobre os possíveis investimentos sociais fora do teto de gastos, gerou um estresse entre os investidores e, como consequência, uma fuga de capital estrangeiro no valor de dois bilhões de reais naquele dia.
Deste dia em diante não foi diferente. Segundo o controle de fluxo cambial da B3, pode-se notar uma saída de capital estrangeiro no valor de R$ 2.941.806,00 entre os dias 14 e 21 de novembro. Até o dia 21 deste mês, o consolidado foi uma saída de capital estrangeiro na casa de 126,6 milhões de reais.
Em meio ao cenário internacional desafiador com o mundo sofrendo por pressões inflacionárias recordes, aumento de juros não vistos em mais de 40 anos e países desenvolvidos a beira da recessão econômica, é natural que o investidor busque alocar o capital em moedas mais fortes ou com um diferencial de juros mais favorável. Fato que, mesmo o Brasil sendo o país com o maior juro real do mundo na atualidade, não está sendo o suficiente para os investidores estrangeiros assumirem um risco político diante de uma transição de governos conturbada.
Com a piora do cenário fiscal brasileiro e incertezas políticas, o dólar subiu 1,08% na semana passada e 4%, aos R$5,38, neste mês, o que diretamente afeta a bolsa brasileira, que recuou 3% na semana passada e neste mês recua 6,65% aos 108.238 pontos.
O que podemos esperar para as próximas semanas e que certamente continuará ditando o ritmo são os desdobramentos políticos. Entre eles, nomeação dos ministérios e PEC de transição.