A semana passada foi uma ilustração das oportunidades que o mercado vem deixando para os investidores. Fato é que as oportunidades em renda fixa americana estão nítidas e essa janela pode fechar em breve. Em um mercado cada vez mais acessível aos investidores hoje, está muito mais fácil agarrar taxas em patamares altos e ainda assim em dólar.
No âmbito nacional, o destaque ficou para o aumento das expectativas do mercado pela apresentação do novo arcabouço fiscal brasileiro, que impacta diretamente o câmbio e é o responsável direto pelo patamar atual do dólar frente ao real. As tramitações da nova proposta fiscal se dão em meio a novos ataques e questionamentos a política monetária brasileira e ao banco central. O governo tenta finalizar e apresentar a proposta antes da próxima decisão de juros na esperança de que isso seja o suficiente para derrubar os juros já na semana que vem, o que dispensa comentários.
Já no âmbito internacional o foco mudou completamente, a semana iniciou com as falas do presidente do FED no Senado e na Câmara, passou por dados de emprego americano e finalizou com um mercado de trabalho resiliente e a falência de dois bancos. O mercado interpretava que seria necessário subir os juros em maior magnitude uma vez que o mercado de trabalho americano continua extremamente aquecido e os salários subindo, o que gera mais inflação. Entretanto, no final da semana passada dois bancos americanos, Silver Gate e Silicon Valley Bank, quebraram e o medo tomou conta dos noticiários.
Então o mercado passou a interpretar que não seria possível aumentar mais os juros uma vez que isso poderia desencadear um risco sistêmico ao setor bancário americano. Logo, o mercado zerou as expectativas de um aumento de juros em 0,5% e passou a precificar um aumento de 0,25% com a maioria dos investidores apostando em nenhuma alteração dos juros na próxima reunião. Por fim, em ação conjunta entre FED e tesouro americano, declararam assistência total aos clientes desses bancos, injetando mais dinheiro na economia.
Segundo a B3, entre os dias 06 e 10/03 houve uma saída de 411,3 milhões de reais na bolsa brasileira ante a uma saída 925,8 milhões de reais na semana anterior, corroborando para o saldo negativo de dólar no país, que chegou a ser positiva e levar o dólar a R$5,10, mas virou de mão resultando uma valorização do dólar – que subiu 0,40% frente ao real, cotado a R$ 5,21 na última sexta-feira (10/03). Acompanhando todo o movimento de aversão a risco internacional, somado a conjuntura política local, o Índice Bovespa fechou a semana em queda de 0,24% aos 103.618 pontos.
No acumulado mês de março houve até então uma retirada de 777,9 milhões de reais, ante a retirada de 1,68 bilhões de reais em fevereiro. Estendendo o movimento de retirada da bolsa brasileira com o aumento da aversão a risco internacional. Já no ano o investidor estrangeiro acumula um aporte de 10 bilhões ante a 10,5 registrados na semana anterior e dos 15,37 bilhões de reais, até então a máxima do ano.
Para esta semana, os investidores estarão atentos a mais dados de inflação ao consumidor e ao produtor americano, além de decisão de juros na Europa e atentos aos desdobramentos ao setor bancário americano.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.