No âmbito global o destaque da semana passada ficou para as decisões de juros por parte dos bancos centrais mundo a fora, entre eles os principais foram o FED, banco central europeu, e banco central inglês. Todos eles sem surpresas ao mercado continuaram subindo juros para conter a inflação que permanece resiliente. Embora que o ritmo de aperto monetário tenha diminuído frente as decisões anteriores o discurso hawkish de Jerome Powell, presidente do FED, deixou claro que os EUA continuarão a subir juros para que a inflação volte a meta de 2% a.a. no território americano e isso acentuou o medo de recessão global. Não obstante Cristine Lagarde, presidente do banco central europeu, seguiu o tom mais duro e disse que enxugará o balanço do bloco, em outras palavras começará a retirar a liquidez do velho continente e isso reforçou o medo de recessão global.
Já no noticiário local seguimos acompanhando as tramitações políticas durante a transição de governos. O destaque ficou para a alteração da Lei das Estatais, e por consequência, a nomeação de Aloizio Mercadante para presidência do BNDES. Tal movimento sinalizou ao mercado que a estratégia do novo governo é barrar novas privatizações assim como utilizar do lucro dessas estatais para financiar políticas sociais, sendo este o motivo pelas fortes quedas vistas na semana passada que pesaram no índice Bovespa.
Apesar de termos uma entrada significativa de capital estrangeiro na bolsa de valores não foi o suficiente para a forte queda semanal em meio a alteração da Lei das estatais, nomeação de Mercadante ao cargo de presidente do BNDES e políticas monetárias restritivas por parte dos bancos centrais mundo a fora.
Segundo a B3, entre os dias 12 e 16/12, tivemos uma entrada de 1,12 bilhão de reais na bolsa de valores. Essa entrada de capital estrangeiro, em meio às incertezas político econômicas, não foi o suficiente para a forte queda do índice que fechou a semana em queda de 4,34% aos 102.855 pontos. Ainda que a entrada de capital na bolsa de valores tenha sido satisfatória, o saldo de dólares no país foi negativo levando uma valorização de 1,43% do dólar frente ao real até a última sexta feira (16/12) cotado a R$ 5,31.
No acumulado do mês de dezembro tivemos uma entrada de fluxo estrangeiro de 5,15 bilhões de reais para a bolsa local, frente a 4,03 bilhões na semana anterior. No ano o acumulado até dia 16/12, tivemos uma entrada de 92,2 bilhões de reais renovando a máxima do ano.
Vale ressaltar que o diferencial de juros real no Brasil é atualmente o maior do mundo, e por natureza isso atrai capital estrangeiro, no entanto, o risco político em ascensão desde a eleição presidencial tem sinalizado aos investidores que o próximo governo será mais displicente ao problema crônico brasileiro, o arcabouço fiscal. E por consequência, o dólar deve continuar consolidado assim como ao longo do ano de 2022.