Mais uma semana se passou e mais uma semana o mercado americano, em especial o de renda fixa vem apresentando oportunidades. Nos dias de hoje a democratização dos investimentos permite essa exposição em investimentos internacionais de forma bem mais prática e acessível financeiramente.
No âmbito nacional, o destaque da semana passada foi para a super quarta, dia que coincide a decisão de política monetária nos EUA e no Brasil. E como de costume, essa vez não foi diferente, foi um dia de alta volatilidade e precificação de ativos mundo a fora. Aqui no Brasil o COPOM optou por manter a taxa Selic inalterada em 13,75% a.a. pela 9ª reunião consecutiva, mesmo com maior pressão por parte do governo de cortar juros em meio a narrativa de entregar um arcabouço fiscal benéfico ao país. De todo modo, o banco central brasileiro veio com um tom mais duro do que o esperado, deixando em aberto até um ajuste das taxas perante o contexto global e desancoragem das expectativas de inflação. Permanecendo assim, no posto de maior juro real do mundo na atualidade, o que corrobora para atrair investimentos estrangeiros em renda fixa.
Já no âmbito internacional, o foco da semana foi também a decisão de política monetária por parte do FED, elevando em 0,25% os juros, atingindo uma banda entre 4,75% e 5% ao ano. Diferente dos comunicados vistos na Europa e no Brasil, nos EUA o banco central adotou tom mais ameno, realinhando as expectativas com os mercados, o que não acontecia desde o final do ano passado. Jerome Powell soube ponderar a alta dos preços e o mercado de trabalho ainda forte, com a preocupação gerada nas últimas semanas frente ao setor bancário como um todo, levando alguns bancos a falência e instaurando uma crise de confiança que afetou os juros futuros, mercado de ações e os de commodities.
O que chamou a atenção de muitos analistas foi o comportamento do dólar diante de um contexto que o medo pairou sobre os mercados. Mesmo com o aumento dos juros americanos, o dólar perdeu força frente às demais moedas, o oposto do que é observado historicamente. Quem fez o papel de proteção em meio a aversão ao risco dos investidores foi o Ouro.
Segundo a B3, entre os dias 20 e 24/03 houve uma retirada de 883,43 milhões de reais da bolsa brasileira ante a uma saída de 1,84 bilhão de reais na semana anterior, não sendo suficiente para o saldo positivo de dólares no país, um reflexo da atratividade da renda fixa brasileira para o investidor estrangeiro, resultando em uma desvalorização do dólar – que recuou 0,52% frente ao real, cotado a R$ 5,25 na última sexta-feira (24/03). Acompanhando todo o movimento de aversão a risco internacional puxado pelas incertezas crise de confiança do setor bancário, somado a elevação de juros e preocupações com a inflação persistentemente alta, o Índice Bovespa fechou a semana em forte queda, um recuo de 3,09 % aos 98.829 pontos, renovando a mínima do ano.
No acumulado mês de março houve até então uma retirada de 3,5 bilhões de reais, ante a retirada de 1,68 bilhão de reais no mês de fevereiro. Já nos últimos 30 dias a retirada é ainda maior, desde o dia 20/02 tivemos um saldo negativo para bolsa local em 4,49 bilhões de reais. Estendendo o movimento de retirada da bolsa com o aumento da aversão a risco internacional, somado ao aumento do prêmio de risco nacional. Já no ano, o investidor estrangeiro acumula um aporte de 7,36 bilhões ante 8,25 bilhões de reais registrados na semana anterior, afastando ainda mais da máxima do ano até então – de 15,37 bilhões de reais.
Para esta semana, diante da agenda mais fraca de indicadores macroeconômicos os investidores locais estarão atentos a apresentação do novo arcabouço fiscal do país. Já os internacionais seguem atentos aos desdobramentos da crise de confiança bancária e melhora do sentimento global.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.