No âmbito nacional, tivemos uma semana marcada principalmente pela primeira reunião do COPOM, comitê de política monetária. Apesar da decisão em manter a taxa Selic inalterada em 13,75% a.a., o comunicado do Roberto Campos Neto, presidente do banco central, foi enfático em dizer que não haverá cortes de juros em 2023 devido a desancoragem da expectativa da inflação futura que vemos hoje no mercado. Ou seja, com a entrada de um novo governo que busca uma política expansionista sem um cuidado especial com a política fiscal brasileira, eleva a expectativa de inflação futura e por consequência o prêmio de risco para o Brasil.
Além disso, o noticiário tem repercutido as duras críticas do governo, em especial o presidente Lula, a respeito da independência do banco central brasileiro e a conduta da política monetária mais restritiva devido aos altos patamares de juros praticados para controlar a inflação. Diante desse contexto vale ressaltar que as constantes críticas do governo não corrobora para uma diminuição mais rápida da taxa Selic, muito menos para uma inflação mais saudável no curto prazo.
Já no âmbito internacional, a semana foi marcada por uma agenda carregada de decisões de política monetária mundo a fora sendo os destaques a reunião do FOMC nos EUA, do banco central europeu e do banco central da Inglaterra. Além da divulgação de vários resultados corporativos, em especial das Big Techs, a Apple, Amazon e Alphabet divulgaram resultados levemente abaixo do esperado, entretanto a grande preocupação diz respeito ao futuro próximo dessas empresas, rebaixando as projeções para os próximos trimestres.
Não há dúvidas que o evento mais importante da semana foi a chamada super quarta, dia em que tivemos a decisão de juros aqui no Brasil e principalmente na economia locomotiva do mundo, os EUA.
O tão aguardado comunicado do Jerome Powell, presidente do FED, repercutiu positivamente no mercado americano após a autoridade mencionar o início do processo desinflacionário, embora que ainda não tenha acabado, e que será necessário continuar subindo juros o quanto for necessário para levar a inflação a meta. O comunicado era amplamente esperado pois os preços praticados pelo mercado e as falas dos dirigentes do FED estavam desconectados. Ao decorrer do comunicado o dólar perdeu força para os pares internacionais, inclusive, para o real que chegou a ser cotado a R$ 4,94 frente ao dólar.
Entretanto, na última sexta feira o dado do Payroll, relatório de emprego urbano, e a taxa de desemprego americana vieram muito acima do esperado e colocaram em cheque o comunicado do FED devido o resiliente mercado de trabalho americano o que gera uma pressão inflacionária. Sendo assim necessária a continuidade de uma política monetária mais restritiva e por consequência o dólar voltou a ganhar força mundo a fora.
Em meio a alta volatilidade do mercado de câmbio, e aumento dos juros ao redor do mundo fica cada vez mais evidente as oportunidades de investimentos globais e a necessidade de uma diversificação internacional tanto em renda fixa como em renda variável. Os investimentos internacionais estão cada vez mais democratizados viabilizando uma alocação em moedas mais fortes como forma de proteção patrimonial, investimentos em renda fixa e até nas maiores empresas do mundo.
Segundo a B3, entre os dias 30/01 e 03/02 houve uma entrada de 2,77 bilhões de reais na bolsa brasileira ante a entrada de 4,42 bilhões na semana anterior. No entanto, essa entrada de capital não foi o suficiente para o saldo negativo do país levando a uma valorização do dólar – que subiu 0,95% frente ao real, cotado a U$S 5,15 na última sexta-feira (03/02). Apesar da entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira, o índice Bovespa fechou a semana em forte queda – um recuo de 3,38%, aos 108.523 pontos.
No acumulado do mês de janeiro houve uma entrada de 12,55 bilhões de reais ante a 13,76 bilhões em dezembro de 2022. Já no ano o investidor estrangeiro acumula um aporte de 13,67 bilhões de reais na bolsa brasileira. Para esta semana, os investidores continuarão repercutindo as falas de dirigentes do FED, as atas das reuniões da semana passada e em especial os indicadores econômicos antecedentes para maiores pistas a respeito da conduta de política monetária das principais economias.