O ex-senador Jean Paul Prates será o novo presidente da Petrobras, sendo considerado interino até a confirmação da eleição na próxima Assembleia de Acionistas. O governo Lula também pretende alterar todo o Conselho de Administração da empresa. Prates tem um currículo extenso na área de Óleo e Gás, além de histórico no Senado com projetos ligados à infraestrutura. Porém, não deixa de ser um quadro político do PT e responderá de qualquer forma a Lula, que como se sabe não tem grande alinhamento com o mercado, em especial a respeito da Petrobras, de modo que as ações da empresa caem 2% no dia.
Nesta quinta-feira (26), Jean Paul Prates foi eleito por unanimidade presidente e conselheiro da Petrobras. Ele já havia sido indicado pelo presidente eleito Lula em dezembro. Com a mudança de governo, o seu antecessor, Caio Paes de Andrade, renunciou ao cargo no dia 3 de janeiro e foi substituído por um diretor como presidente interino, João Henrique Rittershaussen, que agora sai do cargo. Prates assume também como presidente interino, e sua eleição tem de ser ratificada pela próxima Assembleia de Acionistas da empresa, que deve ocorrer por volta de abril. Para ocupar o cargo, Prates renunciou ao cargo de Senador pelo Rio Grande do Norte (seu mandato terminaria agora na mudança de legislatura), e se afastou das participações em empresas privadas do setor de óleo e gás.
Além da mudança da presidência, o governo pretende alterar todo o Conselho de Administração da Petrobras, atualmente indicado pelo governo de Jair Bolsonaro, o que também será pauta da Assembleia de Acionistas. Com a presidência e o conselho alterados, o governo poderá mudar a estratégia atual da empresa, assim como os diretores. Apesar do ex-senador ter garantido que não haverá intervenção do governo federal na empresa, o mercado teme que isso aconteça, e as ações hoje caíam mais de 2% por volta das 13h, mesmo com a alta do petróleo no dia (o que costuma ser positivo para o preço da ação).
Jean Paul Prates, de 54 anos, se formou em Direito na UERJ e Economia na PUC-RJ. Nos EUA, fez mestrado em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pennsylvania. Na França, fez mestrado em Economia de Petróleo, Gás e Motores. Foi integrante da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro), no final da década de 80 e em 1991 fundou uma consultoria na área de petróleo. Em 1997, participou da elaboração da Lei do Petróleo e redator do decreto dos royalties do petróleo. Posteriormente assumiu a Secretaria de Estado de Energia do Rio Grande do Norte. Como senador, teve papel relevante em dois projetos ligadas à infraestrutura, o marco de energia eólica offshore e o marco das ferrovias.
O novo presidente da Petrobras tem boa formação e histórico que comprova seu conhecimento da área de Óleo e Gás, e apesar de ser do Partido dos Trabalhadores, é um quadro considerado moderado. Porém, é sabido que em qualquer governo, o presidente da república exerce forte pressão sobre as decisões da Petrobras, e é comum que os interesses momentâneos do governo divirjam do interesse dos acionistas da empresa. A pressão popular é sempre forte quando há grandes aumentos nos preços dos combustíveis, e seria infantil acreditar que na próxima crise o governo Lula não atuaria para mudar a política de preços da Petrobras caso achasse necessário.
Não é novidade que o governo petista é completamente contra a privatização da empresa e de suas subsidiárias, nem que Lula já falou várias vezes sobre uma mudança na política de preços, ainda que isso implique em prejuízos claros para a Petrobras. Dessa forma, é esperado que as ações caiam a cada movimento que aponte para o caminho de menor produtividade e eficiência, e maior populismo e utilização política da companhia. Porém, é importante lembrar que já no segundo semestre do ano passado, em que o governo Bolsonaro dava sinais claros que estava interferindo na empresa, pressionando para baixar preços, antecipar dividendos e trocando os dirigentes, e mesmo com a provável vitória de Lula, os preços atingiram em outubro sua máxima histórica.
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