Na semana retrasada apresentamos os principais aspectos teóricos dos CRAs (se você ainda não leu, clique aqui). Hoje, iremos dar algumas dicas práticas desse tipo de ativo. Praticamente qualquer carteira de investimentos saudável terá uma parcela em renda fixa, e a maioria dos investidores tem perfil para ter boa parte do portfólio nessa modalidade. Os CRAs compõem bem uma carteira de renda fixa, podendo aumentar a rentabilidade sem alterar tanto o risco, mas para isso é importante escolher bem os ativos tanto quanto o tamanho de cada posição. A seguir, elencamos um passo a passo com os pontos mais importantes a se atentar ao investir em um CRA.
Primeiro, sempre compare a remuneração do CRA a alternativas na renda fixa, ponderando pela isenção fiscal. Se um CRA paga 14% de juros anuais, e um CDB paga 16%, não se pode comparar diretamente as duas taxas, pois uma é líquida de impostos e a outra não. Primeiro, é necessário subtrair os 15% de IR da taxa do CDB, o que resultará em uma taxa líquida de 13,6%, essa sim comparável aos 14% do CRA.
Segundo, fique muito atento à nota de crédito e outros indicadores que mostrem a capacidade de pagamento da empresa devedora. Lembre-se que a garantia de pagamento é a própria empresa, então é muito importante que ela tenha condições de arcar com as dívidas. Caso contrário, num eventual evento e inadimplência, é o investidor quem ficará sem receber o que deve. Empresas com rating AAA, empresas negociadas em bolsa, empresas com endividamento controlado e empresas com margens consistentes e marcas fortes são sempre as melhores pagadoras.
Terceiro, diversifique entre CRAs diferentes. Além de escolher cada um a dedo, é importante ter uma carteira de CRAs ao longo do tempo, de modo que cada ativo individualmente represente uma porcentagem pequena do total investido em crédito privado. Assim, você consegue mitigar ainda mais os riscos num eventual evento de dificuldade financeira de alguma das empresas em carteira. Por exemplo, se você for investir 15% do seu patrimônio em crédito privado, faz muito mais sentido investir em 15 CRAs diferentes e ter 1% em cada um, do que colocar os 15% em um único CRA. Além disso, é interessante pegar vencimentos diferentes, o que também vai proporcionar um fluxo de recebimentos mais interessante ao longo dos anos.
Quarto, se atente ao tipo de rentabilidade do CRA. Os juros podem ser prefixados ou pós-fixados (atrelados ao CDI ou à inflação), como toda a renda fixa. O percentual que você deve ter em cada tipo varia de pessoa para pessoa e depende do cenário macroeconômico de cada momento, mas em geral é interessante ter pelo menos um pouco em cada uma das modalidades.
Quinto e último, cuidado com a marcação a mercado e na curva (temos um artigo sobre isso, para ler clique aqui). A marcação a mercado serve para que o investidor saiba quanto receberia pelo título se o vendesse naquele determinado momento. Porém, ela não afeta os juros periódicos pagos nem o retorno total caso o investidor segure o título até o vencimento. Por isso, os títulos de renda fixa não ter seus preços a cada dia avaliados pelo investidor da mesma maneira que ele faz com uma carteira de ações por exemplo.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.