Continuando sobre o tema da semana passada (se você não leu a parte 1 de O QUE É RENDA FIXA, clique aqui), vamos tratar sobre alguns aspectos importantes que ficaram faltando. Falamos bastante sobre rentabilidade no artigo anterior, porém mais importante ainda é entender quais são e como identificar os principais riscos na renda fixa, e entender o que é liquidez e como ela pode impactar nos seus investimentos.
O principal risco é o de crédito, que é a chance de o credor não pagar sua dívida no vencimento. Por exemplo, você como investidor compra um CDB de 1 ano, hoje. Daqui a um ano, o banco emissor desse CDB terá que te pagar o valor que você investiu mais os juros acordados. O risco de crédito é exatamente o risco deste banco daqui um ano não te pagar, por qualquer motivo que seja. Ou seja, risco de crédito é a famosa chance de tomar um calote.
O risco de crédito é menor nos títulos públicos federais. Como o governo controla a emissão de moeda no país, faz sentido acreditar que em qualquer crise que haja, ele será o último ente com condições de continuar arcando com suas obrigações. Empresas vão à falência e fecham, enquanto governos podem piorar indefinidamente, mas continuarão existindo. Claro que um governo pode decidir dar um calote em sua dívida pública, portanto o risco de crédito existe mesmo nos ativos mais seguros.
Depois, em ordem crescente, vem o risco dos títulos bancários. Esses são ainda relativamente seguros, pois além da garantia das próprias instituições financeiras de pagar suas obrigações, temos no Brasil o FGC – Fundo Garantidor de Crédito. O FGC garante o dinheiro dos credores em caso de quebra da instituição emissora, o que reduz bem o risco de crédito mesmo para os bancos menos sólidos.
Por fim, temos os títulos de crédito privado corporativo (não bancários). Esses têm o risco de crédito das empresas que emitem a dívida, e caso elas não paguem, o investidor fica a ver navios. Por isso, nesse caso, é fundamental que o investidor entenda os fundamentos da empresa que emite a dívida, afinal ninguém quer emprestar uma parte relevante de seu patrimônio para um mau pagador.
Além do risco de crédito, outro risco importante de ter em mente é o risco de mercado. Esse risco compreende as variações nos preços dos títulos entre a compra e o vencimento. Sobre o vencimento em si não incide o risco de mercado, pois a renda fixa tem como característica um rendimento previamente acordado no momento da compra do título. Um exemplo do risco de mercado são os próprios títulos públicos prefixados, que tem liquidez diária, mas em momentos que os juros estão subindo, se o investidor vender o título antes do vencimento, acaba perdendo dinheiro, mas se segurar até o fim, vai receber a taxa contratada.
Além dos riscos, é importante falar sobre liquidez. Liquidez é a capacidade de conversão de um bem em dinheiro. Portanto, chamamos de liquidez diária um ativo que você consegue transformar em dinheiro no mesmo dia, enquanto um empréstimo de um ano tem uma liquidez de um ano. Essa é uma característica que muitas vezes é ignorada pelos investidores, e acaba trazendo problemas graves. Por exemplo, um investidor compra um CDB de oito anos, a uma taxa de 10% ao ano. Se ele esperar o vencimento, terá um lucro total de 114%, ou seja, vai mais que dobrar o capital investido. Porém, se ele precisar do dinheiro antes, terá problemas, porque CDB é um tipo de ativo que não possui boa liquidez, ou seja, não existe um mercado estabelecido de outros investidores interessados em comprar esse título. Por conta disso, para conseguir vender seu CDB, provavelmente esse investidor terá que aceitar um preço com um desconto grande, o que pode inclusive levar a um prejuízo. Algo parecido acontece com o mercado imobiliário. Se você tem um apartamento e quer vender rápido, muitas vezes precisa aceitar um preço muito abaixo do que o que considera razoável. Se estiver disposto a esperar alguns meses (ou anos), pode conseguir um preço bem melhor.
Em termos de liquidez, o mercado de renda fixa é bem diversificado. Você encontra desde opções com liquidez diária, como títulos públicos federais, até debêntures de mais de 20 anos! É importante não confundir o vencimento com a liquidez também, porque essa própria debênture de 20 anos pode ter uma alta liquidez, caso haja muitos investidores interessados em negociar ela todos os dias, ou nenhuma liquidez, caso ninguém esteja interessado em adquirir ela do comprador, o que o obrigaria a esperar os 20 anos para receber seu dinheiro de volta.
Na semana que vem terminaremos o assunto Renda Fixa, tratando sobre impostos, previdência e títulos internacionais. Para entender melhor como você pode começar hoje a investir em renda fixa, entre em contato conosco pelo nosso Instagram ou pelo nosso site.