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O QUE É RENDA FIXA – PARTE 3

Essa é a terceira e última parte do texto que trata sobre Renda Fixa (se você não leu a parte 2 de O QUE É RENDA FIXA, clique aqui). Hoje iremos tratar sobre os pontos que ficaram faltando: impostos, previdência e títulos internacionais.

Os impostos que incidem sobre a renda fixa são em geral sempre os mesmos. As pessoas físicas pagam sobre o lucro que obtém a partir do investimentos em ativos de renda fixa dois impostos: IOF e imposto de renda. O IOF é um imposto que só incide sobre o lucro se o resgate for realizado antes de 30 dias a partir da aplicação, então é importante ficar atento para não pagar o IOF à toa e deixar dinheiro na mesa. As alíquotas do IOF são regressivas, começando com uma alíquota de 96% (!) com um dia de aplicação, caindo 3 pontos percentuais por dia, até que no dia 30 após a aplicação a alíquota converge para zero. Portanto, lembre-se, sempre que possível espere ao menos 30 dias antes de resgatar um investimento sobre o qual incide IOF, você irá ter um rendimento líquido bem maior.

O segundo imposto que incide sobre ativos de renda fixa é o famoso imposto de renda. A tabela de imposto de renda para renda fixa também é regressiva, como para o IOF, no tempo. Da aplicação até seis meses, a alíquota é de 22,5%. De seis meses a um ano, 20%. De um ano a dois anos, 17,5%. E por fim, mais de dois anos, 15% indefinidamente. Ou seja, para ativos sobre os quais incide imposto de renda, o mínimo que você vai pagar de imposto é 15%, e sempre que possível, vale a pena investir em títulos que tenham um vencimento maior que dois anos, e aguardar esse prazo para resgatá-los ou vende-los no mercado secundário. Detalhe, para ativos que pagam juros periódicos, os juros seguirão a tabela regressiva também, de forma que se forem pagos juros semestrais, e o primeiro pagamento for no mês três a partir do investimento, a alíquota incidente sobre esse valor será a de 22,5%.

Mas então é impossível fugir dos impostos quando se investe em renda fixa? Não! Existem ativos que são isentos de IOF e IR. Podemos citar, entre os ativos isentos, a caderneta de poupança (mas que não conta muito no caso do IOF, porque ela só rende a partir de 30 dias de investimento mesmo), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), LF (Letra Financeira), debêntures incentivadas, entre outros menos conhecidos. Porém cuidado ao dar preferência à esses ativos apenas por não pagarem impostos, é importante sempre comparar as taxas porque mesmo com a isenção o retorno total pode ser menor que o de ativos tributados, sempre faça a conta.

Também é possível investir em renda fixa por meio de fundos, que no caso podem estar ou não dentro de planos de previdência. Independente do caso, fundos de renda fixa tem a vantagem de ter um gestor que escolhe e monitora a carteira do fundo, de modo que o investidor pode ter uma atitude mais passiva, delegando a estratégia para o gestor do fundo. Os fundos podem ter estratégias diferentes, investindo apenas em debêntures incentivadas (caso em que o fundo será isento de IR) por exemplo, ou apenas em títulos do tesouro. Outro ponto a ficar atento nos fundos é o prazo de resgate, que pode variar entre liquidez diária e vários meses.

Uma das desvantagens dos fundos é a cobrança de IR no formato de come-cotas (em que se paga o imposto a cada seis meses mesmo se não houver o resgate). As alíquotas de IR seguem a mesma tabela regressiva que já citamos. São nesses dois pontos que um fundo de previdência pode ser vantajoso, pois ela não tem incidência de come-cotas, e em determinadas condições pode pagar apenas 10% sobre os rendimentos, e apenas na data de resgate. Aliás, pode até ser isento de IR, mas entraremos em detalhes quando formos falar sobre previdência.

Por fim, é importante destacar que a renda fixa representa boa parte dos ativos financeiros que existem, portanto é natural que haja opções de investimento nela não só no Brasil, mas em praticamente qualquer mercado do mundo. Muitos investidores de grande porte, inclusive grandes empresas, guardam parte de seus recursos em títulos do tesouro americano, por exemplo, que são considerados um dos ativos mais seguros do mundo. No mercado americano também há uma variedade muito maior de títulos privados corporativos, como debêntures. Porém, para o investidor comum do Brasil, ainda é relativamente complicado investir diretamente em renda fixa fora do país, sendo a alternativa mais simples investir via fundos internacionais brasileiros (esses são distribuídos pelas corretoras brasileiras).

Acho que os textos das últimas três semanas cobriram bem os principais tópicos sobre renda fixa. Claro que existe uma infinidade de detalhes e aprofundamentos possíveis, e entraremos neles em textos futuros. Se você gostou e quer saber mais sobre renda fixa, divulgue nossas redes e entre em contato com a gente através do nosso Instagram (@conselhodosinvestidores), ou pela área de contato do nosso site.

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