Na semana passada, falamos sobre o CDI, um dos termos mais fundamentais para entender o funcionamento do mercado financeiro no Brasil. Hoje, falaremos da SELIC, que é a taxa que serve como referência para o valor do próprio CDI. É comum ouvirmos notícias de tempos em tempos de que o Banco Central elevou ou reduziu a SELIC, mas você sabe o que é e qual o impacto disso na sua vida e nos seus investimentos?
A sigla SELIC significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, e a taxa SELIC nada mais é do que a taxa média das operações de financiamento por um dia lastreadas em títulos públicos federais. Traduzindo, é a taxa de juros diária que se paga pelos títulos públicos emitidos pelo governo. E quem define esses juros que serão pagos sobre a dívida emitida pelo governo brasileiro é o Banco Central.
Para entendermos a SELIC, é preciso revisar a função do Banco Central. Além de supervisionar o sistema financeiro nacional e todos os bancos que atuam no País, ele é responsável por garantir a estabilidade da moeda, ou seja, controlar a inflação. A meta de inflação de cada ano é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), e cabe ao Banco Central utilizar os instrumentos disponíveis para fazer com que a inflação do ano se aproxime o máximo possível da meta. O principal instrumento é a taxa básica de juros, a taxa SELIC.
Quando o Banco Central decide aumentar a SELIC, os títulos públicos passam pagar juros mais elevados. Como os títulos públicos são o ativo financeiro considerado mais seguro da economia, a taxa de juros que eles pagam servem como referência para todo o sistema financeiro.
Assim, um aumento da SELIC faz com que todo o crédito no Brasil fique mais caro, desde um financiamento de um apartamento até um empréstimo para uma empresa realizar um projeto. Com esse aumento de custo, menos pessoas e empresas pegam dinheiro emprestado, menos dinheiro gira na economia, o que reduz o ritmo da atividade econômica. Com menos demanda por produtos e serviços em geral, os preços tendem a cair, já que agora há menos oferta que demanda. Essa queda (ou pelo menos estabilização) nos preços reduz a inflação, que é justamente uma média da variação dos preços.
Da mesma forma, uma redução na SELIC deixa o crédito mais barato, estimulando as pessoas a consumirem mais e as empresas a investirem em mais projetos. Isso aumenta o ritmo da atividade econômica, aumentando a demanda por produtos e serviços, o que causa um aumento nos preços, acelerando a inflação.
Dessa maneira, o Banco Central consegue induzir um aumento ou redução da inflação a partir de um aumento ou redução da taxa de juros. No início de 2021 a SELIC estava em 2% ao ano. Com esses juros baixos e a retomada da economia com a reabertura pós-pandemia, a atividade acelerou e a inflação que estava baixa começou a subir rapidamente. Como a meta para a inflação em 2021 era de 3,75% ao ano, e as previsões começaram a apontar um valor bem maior, o Banco Central começou a aumentar a SELIC em março de 2021, sempre a cada 45 dias – intervalo em que ocorrem as reuniões periódicas do COPOM (Comitê de Política Monetária do BC) – até chegar no valor atual da SELIC, de 13,75%, em agosto de 2022. O Banco Central entende que esse patamar de juros já é suficiente para controlar a inflação e levar ela de volta para a meta nos próximos anos.
Por conta disso, nas últimas três reuniões, houve manutenção da SELIC em 13,75%, o que deve se manter até ficar claro que a inflação está controlada, e então poderá se iniciar um novo ciclo de alta.
Por conta desse enorme impacto na inflação e no custo do crédito por todo o País, fica claro a importância da SELIC na vida de todos nós. E especificamente para os investidores, os juros impactam diretamente a rentabilidade, pois todos os ativos de renda fixa tem sua rentabilidade baseada no CDI, que por sua vez depende da SELIC. Portanto, toda vez que ouvir a notícia de que o Banco Central alterou a taxa Selic, fique atento, isso vai afetar sua vida tanto no dia a dia como nos investimentos.
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