Desde o início desta coluna, passamos por vários tipos de investimento que coexistem no mercado financeiro brasileiro e internacional. Porém, ao fazermos a divisão simplificada de renda fixa e renda variável, acabamos falando de ativos que são uma coisa ou outra, e não adentramos o universo dos fundos. E não é um universo pequeno. No início de 2023, o volume total investido em fundos no Brasil chegou a R$ 7,4 trilhões.
Os fundos de investimento são estruturas criadas para direcionar o capital de um ou mais investidores para um ou mais ativos. Funciona na prática como um condomínio, no sentido de que os cotistas são como os donos dos apartamentos, que escolhem administradores e gestores para tocar o dia a dia da instituição. No caso dos fundos, a administração costuma ficar a cargo de alguma grande instituição financeira, que cuida dos aspectos mais burocráticos e legais, enquanto a gestão cabe a uma equipe de gestão, cujo trabalho é determinar a estratégia e gerar resultado para os cotistas.
Sendo assim, um fundo difere dos ativos que exploramos até agora (menos dos fundos imobiliários, que são um tipo de fundo, claro), uma vez que o investidor não escolhe o ativo final que vai investir, mas deixa essa decisão a cargo do gestor. Por ter um aspecto tão amplo, na prática existem fundos de todos os tamanhos e formatos. Desde fundos que investem apenas em um único ativo, como fundos de liquidez diária que investem tudo em títulos públicos pós-fixados ou fundos de ações que alocam todo patrimônio em ações de uma empresa, até fundos multimercados que possuem incontáveis posições nos mais diversos tipos de ativos financeiros.
Uma vez que estamos falando de um conjunto tão grande de possibilidades, nem é possível em um espaço tão curto entrar em mais detalhes sobre cada tipo de fundo e suas especificidades neste artigo. Porém, existem alguns pontos gerais em todos os fundos que valem a pena ser levantados. O primeiro é que para realizar a administração e gestão do fundo, geralmente são cobradas taxas de administração (em % ao ano sobre o patrimônio líquido) e performance (% sobre o resultado acima do benchmark). O valor das taxas varia de fundo para fundo, mas a comparação entre fundos pode ser feita livremente pois a rentabilidade divulgada é sempre depois da contabilização destes custos.
Segundo ponto, os fundos possuem restrições gerais e específicas. Além de uma grande número de regras e normas que valem para o mercado de fundos como um todo, cada fundo, no momento de sua constituição, define qual será o seu objetivo e sua política de investimentos. Assim, um fundo de ações não pode decidir de repente investir a carteira toda em renda fixa, assim como um fundo imobiliário não pode investir seu patrimônio em moedas estrangeiras.
Terceiro ponto, um fundo é dividido em cotas, e essa é a unidade pela qual se mede um fundo. No seu início, é determinado o patrimônio inicial do fundo e o número de cotas. A partir daí, calcula-se o valor da cota, e desse dia em diante, ela vai variar de acordo com a variação do preço dos ativos que o fundo investe. O valor da cota será uma média ponderada do valor das posições do fundo.
Tributação, possibilidade de emissão de novas cotas, prazos de resgate, entre diversos outros aspectos, são específicos para cada tipo de fundo, e para cada fundo individualmente, e no futuro entraremos no detalhe de cada um.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.