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O QUE SÃO JUROS?

Um dos termos mais fundamentais para entender qualquer operação financeira são os juros. É a existência dessa ferramenta que possibilita que pessoas tenham interesse de fornecer crédito e financiamento para outras. Eles fazem girar a roda da economia, transferindo recursos de quem possui patrimônio, mas não necessariamente tem onde aplicar os recursos, para quem possui ideias ou negócios que precisam de caixa para operar, mas não possuem o capital para iniciar ou expandir essas operações. Mas você sabe a diferença de juros simples e juros compostos? Sabe como calcular qual o seu rendimento mensal se você recebe um pagamento de juros fixos anuais?

Juro é a remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro. Costuma ser expresso como um percentual sobre o valor emprestado. Chamamos o valor emprestado de principal e a remuneração de juros. As pessoas consomem seus recursos, e quando sobra algo, podem guardar para o futuro. Ao invés de guardar, podem emprestar para outras pessoas, quem prometem devolver os recursos em um momento futuro. Assim, os que emprestam são os credores, e os que pegam emprestado, os devedores. Como existe um risco de os devedores não devolverem os recursos, seja quais forem os motivos, os credores demandam que haja uma remuneração por esse risco que vão correr ao emprestar os recursos que podem não voltar. Essa remuneração são os juros.

Em geral os juros são cobrados por período, de modo que se possa calcular o quanto deve ser pago a cada mês, ou ano, e quanto mais meses ou anos durar o empréstimo, mais vezes se pagam os juros, como se fosse um aluguel do dinheiro. Vamos a um exemplo prático: Seu vizinho te pede emprestado R$ 10.000 reais para comprar uma moto. Você tem o dinheiro e confia nele, mas sabe que pode acontecer algo alheio à vontade dele, e eventualmente ele não poder te pagar. Por isso, você acorda com ele uma taxa de juros de 3% ao mês, até o momento que ele te pagar os R$ 10.000. Digamos que ele leve seis meses para te pagar de volta o principal. Assim, ele vai te pagar R$ 300 por mês, e no final do sexto mês irá te pagar R$ 10.300, que é o valor do principal mais os juros do último mês.

Agora, digamos que o seu vizinho não te pague todos os meses, mas combine com você de pagar tudo de uma só vez, ao final dos seis meses. Nesse caso, você vai ficar mais tempo sem receber nada, e por isso vai querer receber um pouco mais no final por esse risco e essa espera adicional. É por isso que no mundo real trabalhamos com os juros compostos muito mais do que os juros simples. Juros simples é um regime em que se aplica a taxa de juros sempre em relação ao valor do principal, mas nunca sobre os juros do período anterior. No nosso exemplo, no regime de juros simples, o valor a ser pago como juros mensalmente seria sempre de R$ 300, independentemente se esse valor for pago todo mês ou apenas no final.

Já no regime de juros compostos, os juros do período atual são sempre calculados sobre o valor total devido (principal mais juros anteriores), causando um efeito exponencial. No nosso exemplo, já no segundo mês, com juros compostos, o valor dos juros não seria mais de R$ 300, mas de R$ 309, que é 3% do valor total devido no final do primeiro mês, R$ 10.300. Dessa forma, ao final de seis meses, o valor total devido seria de R$ 11.940,52 no regime de juros compostos, contra R$ 11.800 no regime de juros simples. Parece pouca diferença, mas se ao invés de seis meses, forem 60 meses, os valores devidos são respectivamente R$ 58.916,03 e R$ 28.000. Ou seja, no regime de juros compostos, a dívida depois de 60 meses é mais que o dobro daquela no regime de juros simples!

Enfim, isso são juros. Toda operação de empréstimo terá uma taxa de juros atrelada, e você terá contato com essas taxas seja como devedor, ao pegar um financiamento imobiliário no banco, por exemplo, seja como credor, ao comprar um título público federal. Veremos nas próximas semanas que boa parte do mercado financeiro funciona com operações de empréstimos, que são chamadas de operações de renda fixa. Todas as exceções a isso são chamadas operações de renda variável. 

Mas mesmo nas operações de renda variável é importante entender o conceito de juros para decidir se um investimento vale a pena ou não, é atrativo ou não. Por exemplo, digamos que você esteja pensando em vender um imóvel que vale R$ 500 mil e paga de aluguel R$ 2.500 mensais, para investir em um título que custa os meses R$ 500 mil, mas paga uma taxa de juros anual de 8%. Vale a pena? Primeiro é necessário transformar a taxa anual em mensal. Para isso, não se pode apenas dividir a taxa anual por 12, pois são juros compostos, então é necessário utilizar a fórmula tx. Mês = (1+ tx. Ano)^ (1/12) -1, sendo tx. Mês a taxa mensal a ser calculada, e tx. Ano a taxa anual que temos, de 8%. O resultado será uma taxa mensal de 0,64%. Agora, basta aplicar a taxa mensal sobre os R$ 500 mil, que obteremos um valor mensal de R$ 3.200. Como esse valor é maior do que os R$ 2.500 do aluguel, vale a pena vender o imóvel para comprar o título (considerando que risco e liquidez sejam iguais ou melhores).

Assim como o exemplo acima, existem muitos casos em que é necessário calcular a remuneração de um ativo, ou o custo de uma dívida, e para isso sempre usamos alguma forma de taxa de juros. Agora que você já conhece essa ferramenta, pode explorar os diversos ativos disponíveis no mercado financeiro, para encontrar aqueles que fazem mais sentido para o seu perfil. Claro que existem diversos outros fatores que devem ser levados em consideração. Para saber mais sobre eles e tirar eventuais dúvidas sobre o funcionamento dos juros, entre em contato com a gente pelo instagram, ou deixe seu contato em nosso site.

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