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ONDE INVESTIR EM 2024

O ano de 2023 está terminando, e com a proximidade dessa mudança de ciclo, surge a dúvida de como será 2024, para o país e para seu o bolso, e quais serão as melhores alternativas de investimento. Aqui passamos rapidamente pelo cenário econômico que estamos vivendo, e quais classes de ativos podem ser mais interessantes nos próximos meses.

Em 2023 tivemos o primeiro ano do 3º mandato de Lula como Presidente da República. Logo após as eleições, os mercados enfrentaram uma grande volatilidade por conta do medo de um novo governo petista. Na prática, o governo adotou algumas medidas consideradas positivas pelo mercado, como o novo Arcabouço Fiscal, a Reforma Tributária, e a manutenção das metas de inflação. Simultaneamente, a inflação vem convergindo para a meta, ainda que distante, o que permitiu ao Banco Central iniciar o ciclo de corte dos juros. O PIB deve crescer próximo dos 3% este ano, muito mais que o previsto há 12 meses.

Por outro lado, vemos embates entre integrantes do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende uma agenda mais fiscalista, enquanto alas mais ideológicas defendem um aumento forte nos gastos do governo. O resultado tem sido uma tentativa por parte de Haddad de atingir a meta de resultado primário via aumento de arrecadação, já que o presidente não se mostra disposto a cortar gastos. Esse aumento de tributos vem encontrando resistência no Congresso, que sabe que a pauta é impopular, e na própria população, que não aceita ser mais espremida por uma carga tributária que já bate os 40% do PIB.

Ao parar de olhar pelo retrovisor e agora mirando à frente, começamos 2024 sem grandes expectativas em relação à novas reformas ou ajustes por parte do governo federal, sendo que a maior dúvida neste momento é qual será o déficit primário que o governo conseguirá entregar. Em relação aos dados econômicos, o mercado projeta inflação de 3,93%, sendo que a meta é de 3%, portanto inflação acima do centro da meta, mas abaixo do teto, como neste ano. Sobre o PIB, aumento de 1,5%, uma desaceleração se comparado aos 3% de 2023. e juros de 9,25% para 2024. Ou seja, se espera que os juros continuem caindo 0,5 p.p. nas próximas reuniões, e que a queda se encerre perto do meio do ano.

Na renda fixa, com o cenário de juros caindo e inflação controlada, ainda vale em 2024 comprar ativos prefixados (não atrelados a nenhum índice), nos momentos em que as taxas aumentam um pouco e pagam perto de 12% ao ano, assim como ativos atrelados à inflação, com taxas IPCA + 6% ou mais, mais longos. O pós-fixado vai render cada vez menos enquanto estivermos num ciclo de cortes, então uma estratégia é esperar melhores oportunidades mais longas, como CDBs de 3 anos ou mais pagando taxas acima de 130% do CDI, e mais curtos no caso de taxas menores.

Títulos públicos são interessantes para ganhar na marcação a mercado, como NTN-Bs longas (2040 ou mais), pois contam com liquidez diária. Para carregar, é interessante aproveitar ativos de crédito privado com taxas altas e isentos, mas sempre tomando cuidado para se restringir a boas empresas (rating AAA ou AA).

Na renda variável, a queda dos juros no Brasil e fim da alta dos juros nos EUA podem estimular uma alta da bolsa. Empresas que trabalham mais endividadas vão se beneficiar com a queda dos juros, e podem ser as que andem mais. Porém, mesmo ativos geradores de renda, como fundos imobiliários de tijolo, devem se valorizar quando o dividend yield ficar com um prêmio muito gordo em relação ao CDI. Atenção para empresas que tem correlação muito alta com o crescimento do PIB, pois com a atividade mais fraca, podem sofrer mais.

Os fundos multimercados, de maneira geral, foram muito mal em 2023, pois não houve tendência clara, e muitos gestores apostaram numa direção e erraram. O IHFA (índice da indústria de fundos multimercados) avançou apenas 6,37% em 2023 até hoje, enquanto o CDI rendeu 12,14%. Os resgates no ano somam quase R$ 100 bilhões. Porém, em 2024, com um cenário que apresenta um pouco mais de tendência (queda de juros já em processo), pode ser um momento de recuperação da indústria dos multimercados.

Sobre ativos internacionais, os EUA ainda podem entrar em recessão em 2024, esse cenário não está descartado. Porém, o cenário atual é de crescimento forte nos EUA, com inflação ainda resistente, mas com juros que finalmente pararam de subir. Portanto, o mercado americano, depois de 2 anos fracos, pode ensaiar uma nova alta no ano que vem. China e Europa não mostram boas perspectivas de retomada, e o aumento de conflitos pelo mundo traz ainda mais incertezas para investimentos em geografias alternativas.

Em resumo, na renda fixa pode ser interessante investir em ativos prefixados e ativos atrelados à inflação, e reduzir pós-fixados. Na renda variável, empresas que se beneficiam com a queda dos juros e boas pagadoras de dividendos podem ir bem, enquanto o cenário é menos otimista para as que dependem mais de crescimento econômico. Para fundos internacionais (renda variável dos EUA) e multimercados, expectativa neutra, mas com viés de alta.

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