Finalmente saíram os dados relativos ao resultado do PIB de 2022. O IBGE divulgou os dados hoje, que mostraram um crescimento da economia de 2,9% no ano passado. O resultado foi pior que o crescimento registrado em 2021, de 5%, mas ainda assim o segundo melhor desde 2013. O valor nominal do PIB foi de R$ 9,9 trilhões, e é possível observar um primeiro semestre mais forte, que foi seguido por uma desaceleração no segundo semestre. O PIB per capita ficou em R$ 46.154,60, 2,2% acima de 2021.
O PIB – Produto Interno Bruto – é a soma de tudo o que é produzido no país em determinado período. É um dos indicadores mais importantes da economia, pois mostra se, ao longo dos anos, uma sociedade está ficando mais próspera ou se está no caminho errado. Um crescimento acelerado do PIB por longos períodos se reflete em melhora nas condições de vida da população.
O resultado pode ser considerado bom, uma vez que o crescimento de 2021 foi em parte apenas uma volta da queda forte que aconteceu em 2020, primeiro ano da pandemia, momento em que boa parte da economia se fechou e a atividade não só no Brasil, mas no mundo todo, teve queda forte. Naquele ano, a queda do PIB brasileiro foi de 4,1%. Assim, os 5% de 2021 não revelam um crescimento de fato da economia, e sim mais uma retomada do que já havia. Já 2022 teve um resultado de 2,9% sobre os 5% do ano anterior, que demonstra de fato algum crescimento. Pode parecer pouco, mas foi o melhor resultado desde 2013 (3%), numa década que tivemos 3 anos de forte recessão (2015, 2016 e 2020) e vários com crescimento menor que 2% (2012, 2014, 2017, 2018, 2019).
Então podemos considerar o resultado uma boa notícia? Nem tanto. Ao analisar os quatro trimestres separadamente, fica claro que o ano começou muito forte, com crescimento de 1,3% no 1T22 e 0,9% no 2T22. Já no segundo semestre, há uma clara desaceleração, com crescimento de apenas 0,3% no 3T22, e queda de 0,2% no 4T22. Existem vários fatores que levaram a esses resultados, como os fortes estímulos do governo via injeção de dinheiro na economia durante o ano eleitoral, redução dos efeitos da pandemia, Guerra da Ucrânia, entre outros.
Um dos fatores mais importantes foi a política monetária, que vem elevando os juros desde o início de 2021, para conter a inflação via desaquecimento da economia. Com os juros mais alto, fica mais caro investir em novos projetos e tomar crédito, o que reduz o consumo e o investimento, desaquecendo a atividade econômica. A Selic saiu de 2% no início do ciclo para 13,75% no final, e esse aumento do custo do capital pode ser uma das causas dessa desaceleração no fim de 2022.
Para 2023, devemos ter ainda juros elevados por algum tempo, inflação cedendo mas ainda alta e maior endividamento das famílias (e provavelmente do governo também). As projeções do mercado indicam um crescimento de apenas 0,84% neste ano. Para mudar o cenário e conseguir crescer mais ainda em 2023, o governo precisará encontrar uma forma de estimular a atividade econômica sem acelerar a inflação já bem acima do aceitável. Isso dificilmente acontecerá tendo em vista as propostas apresentadas até agora pelo atual governo, e talvez apenas uma melhora do cenário internacional possa dar esse empurrão para que o Brasil tenha um ano melhor que o esperado.
Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.