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POR QUE OS JUROS NÃO CAEM?

Muitos têm perguntado por que a taxa básica de juros, a Selic, continua num patamar de 13,75%, mesmo com a inflação projetada para 2023 sendo de 5,8% ( de acordo com o Focus mais recente em 13/02/2023). Com juros reais de quase 8%, não seria esperado que o Banco Central já iniciasse o processo de redução da Selic? Parece fazer sentido, mas existem alguns erros nesse raciocínio.

Primeiro, de fato os juros reais são a diferença entre juros nominais e inflação. Porém, os juros que de fato importam para o mercado e que fazem preço são os juros de mercado. A curva de juros de mercado é uma projeção de quais serão os juros desde hoje até vários anos para frente, e esse valor que conta para as expectativas. Da mesma forma, a inflação que interessa não é a atual, mas a esperada para os próximos anos.

Depois, é importante entender qual o critério de decisão do Banco Central. Para a instituição, o objetivo é levar a inflação para a meta, que para esse ano e os próximos é em torno de 3%. Como as projeções ainda indicam para quase o dobro desse valor, é natural que os juros sejam mantidos altos. Um início de redução só faz sentido a partir do momento em que pareça haver uma convergência da inflação para a meta.

A pergunta que fica é: se os juros já estão tão altos, por que as expectativas de inflação não convergem para a meta, ou pelo menos não mais rapidamente? É porque a inflação é resultado não só da política monetária, que é a utilização dos juros para controlar a inflação. É também resultado da política fiscal, que é a forma com que o governo define seus gastos, o quanto gasta, e qual nível de endividamento possui.

Se o governo distribui dinheiro via programas, dá crédito subsidiado, e ao final de cada ano termina gastando mais do que arrecadou, nenhuma taxa de juros será capaz de segurar a inflação. Esse mecanismo funciona como uma tesouro, é necessário ter ambas as políticas, monetária e fiscal, trabalhando juntas, para assim obter o maior crescimento possível com a uma taxa de inflação baixa e estável, que é o cenário considerado ideal para qualquer economia.

Dessa forma, uma redução nas taxas de juros, que será muito bem-vinda, pois irá deixar o crédito mais barato, proporcionando aceleração do crescimento econômico, só será possível quando o governo federal fizer a lição de casa na área fiscal, algo que não tem acontecido nos últimos meses e anos. Do contrário, os juros altos serão apenas um remédio amargo, mas sem resultados palpáveis,

Para os investidores, o cenário continua propício para investir em renda fixa, já que as taxas acompanham a expectativa para a Selic e para a inflação, então também se mantém atrativas. Enquanto os pós-fixados remuneram a uma taxa boa e com baixo risco, os prefixados podem ser uma boa oportunidade de travar uma taxa alta por alguns anos, caso os juros venham a cair e voltar para os patamares dos últimos anos.

Esse texto foi publicado pelo blog CDI – Conselho dos Investidores. Caso tenha interesse em aprender mais sobre investimentos, falar sobre o mercado, e investir melhor, entre em contato com a gente através do nosso Instagram @conselhodosinvestidores, ou pelo nosso site.

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