O leilão do trecho norte do Rodoanel, realizado na terça-feira (14) na B3, foi vencido pelo Via Appia, um fundo de investimentos em infraestrutura. Vencendo outras 3 concorrentes, a empresa irá administrar a rodovia por 31 anos, e as obras devem ser concluídas em 2026. O investimento total da Parceria Público-Privada (PPP) será de R$ 3,4 bilhões, e os pedágios serão no sistema “free flow”, que funciona sem paradas e proporcional à distância percorrida.
A regra do edital previa que levaria o leilão quem oferecesse maior desconto nos investimentos públicos que serão feitos pelo Governo de SP. O Via Appia ofereceu 100% de desconto nas contraprestações de R$ 51 milhões e 23,1% de desconto nos investimentos públicos de R$ 1,4 bilhão. O investimento total ao longo de toda a concessão é de R$ 3,4 bilhões. O leilão chegou a ser suspenso na véspera pela Justiça de São Paulo, mas o governo paulista e a Artesp conseguiram derrubar a liminar e manter a realização do leilão.
O Rodoanel é uma obra viária imensa, que circunda a cidade de São Paulo, com o objetivo de reduzir o trânsito e facilitar o deslocamento de veículos que não precisam necessariamente adentrar a cidade, mas apenas atravessá-la. O projeto todo possui 176 km de extensão, e conecta todas as 10 rodovias que passam pela Grande SP. A obra, que foi iniciada em 1998, é formada por 4 trechos, dos quais já foram entregues o Oeste, Sul e Leste. O trecho Norte, que será construído agora, terá 44 km de extensão, passando pelos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá, e ligando a capital com a rodovia Presidente Dutra.
O trecho Norte começou a ser construído em 2013, mas escândalos e atrasos levaram à rescisão do contrato, que foi relicitado em 2018 pelo Ecorodovias, mas não foi pra frente também. Desta vez, o fundo de investimentos em participações (FIP) Via Appia, do qual faz parte um grupo financeiro especializado em reestruturação de ativos, e que não revelou quais parceiros estratégicos investiram no negócio. Porém, o grupo em si não tem experiência em construção.
Executivos do Via Appia afirmam que investiram em assessoria técnica, que vão cumprir todas as exigências de qualidade e tem capacidade de realizar o contrato. De acordo com um deles, o risco maior está na obra, que será tocada por mais de uma empresa contratada. Depois, com a rodovia pronta, o risco de demanda inexiste, tornando-se um ativo sem risco após a construção. A empresa também está de olho no trecho (vizinho) Norte do Rodoanel, cuja concessionária está em recuperação judicial, e, portanto, pode haver no futuro uma oportunidade de adquirir a operação.
Após décadas de projeto e construção, é cedo para dizer se desta vez a obra será finalmente concluída. Se acontecer, será um grande avanço que trará melhorias de eficiência e qualidade de vida para todos os habitantes, usuários e empresas da região, além da enorme massa de carros e caminhões que atravessa o Brasil diariamente, passando por São Paulo. Além de ter efeitos diretos na economia, reduzindo custos com transporte e gerando empregos, pode ser uma oportunidade de investimento para o público em geral. Hoje, na bolsa, já há empresas concessionárias de rodovias, como a CCR (CCRO3), a Ecorodovias (ECOR3) e a Triunfo (TPSI3), e FIPs como a Via Appia podem ser negociados em bolsa também.
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